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Nem sempre no fim dá tudo certo

O carioca do Meyer Millôr Fernandes ficou conhecido por sua produção humorística. Mas a essência de sua obra é filosófica. Ele já dizia, em seus dias de Pasquim, que “no fim tudo dá certo e se nada deu certo ainda, é porque não chegamos ao fim”. Há nesta frase uma profunda certeza de que a linguagem é ambígua e pode nos aprisionar em suas teias. Qual seria a única certeza na vida? Mas os otimistas de plantão preferem o dito milloriano em sua superficialidade e crer que as coisas se arranjam. É só esperar que “distraídos venceremos”. A questão agora é que esta última frase foi criada pelo poeta curitibano Paulo Leminsk e marca o início de uma conversa muito diferente.

Evidente que, do ponto de vista empresarial, o otimismo ingênuo leva à indisciplina, a ponto de comprometer projetos que teriam grande potencial para ser bem-sucedidos. No plano dos negócios é essencial ter foco e determinação. O Carnaval carioca, por exemplo, só funciona porque é fruto de uma indústria muito disciplinada em sua missão de vender um mundo de irreverência e brasilidade. Ou seja, uma aparente indisciplina.

Para a disciplina não se tornar um negócio chato e carrancudo, o empreendedor precisa dosar. O ambiente de trabalho não funciona mais como um tribunal de cobranças sem fim e de pessoas irritadas e grosseiras. Ninguém aguenta a ideia do chefe sempre bravo e inquisidor. Mas a contrapartida para a vida corporativa se tornar mais leve e descontraída é a responsabilidade e a produtividade das equipes. Ninguém pode estar ali apenas batendo ponto.

Os colaboradores precisam compreender que ninguém entra no jogo para brincadeira e que todos foram contratados pelo profissionalismo. Evidente que no final do mês tem que haver a recompensa monetária para cuidar da família e de seus compromissos. É um jogo de mão dupla. Ou seja, a família depende da empresa, por isso a empresa precisa ser compreendida como parte da estrutura social. Assim como a empresa precisa da família, e precisa integrá-la em suas preocupações estratégicas.

Encontrado esse ponto de equilíbrio, desaparece a palavra indisciplina e entra em ação a colaboração integrada do ganha-ganha. Toda empresa, sem dúvida, passa pelo plantio e colheita, e antes da colheita, deve cuidar de todas as etapas do negócio com muita disciplina. Empreendedor, lideranças e as equipes precisam ter essa visão para que o pensamento de Millôr Fernandes alcance a grandeza que merece e não seja transformada em frase de botequim. Não seja transformada em frase daqueles que confundem leveza e descontração com irresponsabilidade para com o trabalho meticuloso necessário para que no final tudo dê certo.

ARTIGO  FEVEREIRO/2021

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Alessandro Natal

é Diretor da
UNIC Gestão e Negócios Empresariais
Empresa especializada em
Gestão Empresarial e Desenvolvimento
de Profissionais e Lideranças.
Formado em Administração com
Habilitação em Sistemas de Informação.
Palestrante em cursos, treinamentos,
eventos corporativos e preparação de
profissionais para o mercado atual.
Auditor Líder de Sistemas de gestão
da Qualidade Certificado pelo RABQSA.
Colunista do Carreira & Sucesso,
Catho nos assuntos de Gestão
Empresarial e Liderança
na Revista Atitude Empreendedora.
Contato: alessandro@unicgestaoenegocios.com.br

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